Nunca fui boa a escrever cartas de despedida, porque de certa forma nunca o fiz. Fiz as malas várias vezes, quando o fazia voltavas tu , batias á porta do meu coração, e como o teu cheiro ainda estava em mim, o teu toque ainda era sentido nos momentos em que mais precisava , e as palavras enchiam-me o coração de esperanças,mesmo que ele estivesse cheio de mazelas e farto, eu acabava por ficar. Perdia o comboio, o autocarro, todos os transportes possiveis e imaginários, e deixava-me ficar durante mais uns tempos, até que percebi que é preciso sentires que te estou a fugir para perceberes o que realmente importa para ti, se realmente EU importo. Sentia-me perdida por falares e incluires mais raparigas na tua vida, mas já não me importava , porque voltavas sempre para mim, vi o dia em que irias ter outra pessoa diante de mim, inumeras vezes, tantas que não sou capaz de inumerar sequer, até que caí em mim, e percebi que não é isto que eu quero da minha vida, não quero ser primeira opção e passar a segunda num instante. E talvez essa seja a maior razao . Posso-te perdoar muita coisa, muitas atitudes, e até muito do teu sentimento que foi substituido por um coração frio e se o tinhas magoado, agora já nem se nota, mas não te vou perdoar por teres transformado o nosso amor no campo de guerra, num campo de batalha. Eu agora quero que fiques no teu canto, senta-te nele, e pensa , reflete, tira as tuas conclusões , mas não mas digas, guarda-as para ti, porque eu não te quero de volta, e acredita que desta vez , é a vez. Vais achar estranho, mas não vou fazer as malas, essas só me iriam encher de recordações, iriam trazer o teu cheiro , iriam-me fazer lembrar de tudo o que fiz por ti, de todos os erros que cometi, por isso, vou deixa-las ficar para trás, e vou partir, para eu lugar distante, e não vais ouvir falar mais de mim, a não ser que seja por aqui. Lembro-me de me dizeres que gostavas de vir aqui, porque era uma maneira que tinhas arranjado de saber de mim , indirectamente, e sim, eu vou continuar a escrever, mas esta vez , é a ultima vez que é para ti. Estou cansada, mas tenho rumo, mudei-o e nem me tinha apercebido, por isso fica aí, fica com as minhas malas, vive na incerteza porque eu vou aproveitar a minha vida, foi-me dada , e eu não a vou trocar. E agora, diz-me , valeu a pena trocar o certo pelo incerto ? Bem me parecia que não, rasga as cartas, guarda as magoas, e segue em frente, porque eu já o fiz apartir do momento em que enviar esta carta.

Desejo-te tudo de bom, mas se me vires, finge que não me conheces *
"declaro a independencia da vida de ti, do que me fez quem sou, porque me sinto presa a ti, declaro a independencia do que me fez feliz, o fim chegou para mim. "


( qualquer dia continuo a carta)