25 de dezembro de 2009

O dia era frio, e eu olhava pela janela como quem esperava alguma coisa, ou até alguém, observei vezes sem conta as árvores, e enquanto isso liguei o rádio. Não imaginas a minha admiração quando começa a tocar a nossa música, e não imaginas mesmo o arrepio que me deu. Mas, ainda me admirei mais com o meu coração, frágil e cheio de mazelas, não começou a bater cheio de força como eu esperava, talvez seja este o sinal para desistir, pensei eu. A verdade é que as coisas entre nós á muito tempo que não funcionam, não nos entendemos, e quando entendemos é apenas durante uns dias, um ou dois para ser mais exacta, somos como aqueles instrumentos que juntos não dão o som que toda a gente espera, e pronto, não estão destinados a tocar juntos. Deve ser estranho para ti eu estar mais uma vez a comparar-te a alguma coisa a não ser a um simples ser humano, mas para mim era mesmo assim, eras como a música, as tuas palavras eram um instrumento e o som que saí dele era o teu sentimento, conseguias exprimir-te tão bem quanto isso, e se calhar era isso que me fazia admirar-te. É incrível não é? Sempre imaginei que iríamos acabar juntos, e agora vejo-me aqui, a escrever para ti pela ultima vez, porque realmente chegou o dia em que vou fechar a porta, com a minha chave, sem tu a teres. Durante anos, o meu coração recusou-se a entender, a aceitar e a crer, mas de facto não dá mais para mim e para ti, já tentei ouvir a voz da razão, tentei ficar sempre á tua espera, mas quando dei por mim o meu coração já não batia da mesma maneira quando te ouvia, ou quando ouvi a nossa música. Não penses que não te amei, porque amei, amei mais do que essa gente toda que te dirige palavras caras, ou textos compridos todos os dias, amei como nunca tinha acontecido, amei como nunca ninguém te há-de amar, e tudo o que fiz foi para o teu bem, um dia ainda me vais agradecer por tomar esta decisão por ti. Vocês os homens são demasiado previsíveis, e embora haja diferenças, uma coisa que vos une é a incapacidade de saber fazer aquilo que está certo, sem optar primeiro pelo errado, e na batalha com a saudade não se rendem, enquanto nós mulheres, nos rendemos. Connosco, não é diferente na batalha eu rendia-me, e procurava-te, e mesmo que me zangasse comigo mesma, sentia-me na mesma com o dever de te dizer alguma coisa. Desculpa se alguma coisa que aqui esta te vai magoar, mas como ultima escrita, tenho que dizer tudo. Desculpa se por vezes fui inconstante e inconsistente, mas tudo o que te disse era verdade, e não espero que o esqueças, mesmo que agora teimes em dizer que era tudo mentira e que não queres saber, afinal, no meio disto tudo isso é o que me magoa mais. Cansei-me não de ti, mas de não te ver a acreditar nas poucas pequenas e grandes coisas que nos ligavam, uniam , e daí tenha decidido partir. Esta é a ultima vez que vais ouvir falar de mim porque o resto eu não vou mostrar, ainda há muita gente aqui que te quer ver mal, e a mim nem se fala, por isso é mesmo a ultima. Esta na altura de te deixar a ” voar “ sozinho, pode ser que um dia nos esbarremos, mas nesse dia, por favor, sorri e levanta-te , e sem preocupações continua.

Não fiques com má imagem de mim, não me guardes rancor, lembra-te que foste feliz, porque eu, eu também fui .

Um comentário:

  1. Adorei o texto, quanto a a maneira como transmites uma imagem do acontecido. Não te conheço o suficiente, mas se for o caso, nunca desistas, nunca jogues nada para traz, nunca digas nunca e não te deixes calar com a boca dos outros. Um beijo enorme, e restos de bom natal :)

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